‘Boas Novas’ se espalham entre cristãos perseguidos na China

23/01/2016 20:39

“Eu sou um seguidor de Cristo e vivo na região sul da China continental. Durante anos, sempre que me deparo com os irmãos estrangeiros, eles me perguntam as mesmas coisas: ‘Você tem uma Bíblia em casa?’ ou ‘As pessoas podem falar de Jesus publicamente na China?’ ou ainda ‘Como você faz para comprar materiais cristãos em seu país?’. É interessante como as pessoas se enganam em relação ao cristianismo aqui na China”, afirma o cristão, segundo o testemunho publicado no site do ministério Portas Abertas.

“Honestamente, a primeira vez que ouvi essas perguntas cheguei a rir em meu coração. Mas depois, pensando bem, me dei conta da falta de informação que há entre os próprios cristãos, por isso, estou escrevendo estas palavras, para tornar pública a nossa realidade. Em primeiro lugar, eu realmente não sei se pela lei podemos ter Bíblias em casa, mas nós temos e ninguém nos incomoda. A maioria dos cristãos chineses tem mais de uma cópia da Bíblia e versões diferentes dela. Eu mesmo tenho sete, sendo duas delas de estudo. Temos várias livrarias públicas que vendem por aqui”, explica ele.

“Queridos irmãos que vivem em todas as partes do mundo, a China tem registrado uma transformação tremenda. Há muitas boas notícias econômicas e políticas, na cultura e na religião. Embora haja algumas restrições sobre o cristianismo, nós acompanhamos seu progresso em nosso país e, de 30 anos para cá, vimos muitas diferenças. Como eu gostaria de ter a oportunidade de mostrar mais aos irmãos, para que todos pudessem ver as maravilhas de Jesus Cristo aqui na China e quão grande é o nosso Deus nessa terra. Vamos juntos agradecer a Deus, pois ele tem cuidado de nós”, finaliza o cristão.

Perseguição n a China

A população cristã cresce e já representa a segunda maior religião do país, atrás apenas do Budismo, segundo a CIA.

Em matéria publicada pelo Portas Abertas, a China continua sendo um dos países mais complicados da Classificação da Perseguição Religiosa 2016, pois possui múltiplas faces e diversidades. Embora a campanha para quebrar cruzes na província de Zhejiang, aparentemente, parece ter chegado ao fim, as reuniões cristãs continuam a ser interrompidas. A contenção de relatórios após as explosões em Tianjin em agosto de 2015, incluindo a censura da mídia social, é cada vez mais difícil e não resolve os problemas. Nesses desafios, a liderança da China tenta manter tudo calmo. Seu objetivo de manter o poder e harmonia social inclui o controle de todas as religiões, incluindo o forte crescimento da minoria cristã.

Em várias regiões, os cultos da igreja têm sido prejudicados e os cristãos são impedidos de se encontrar. As autoridades locais continuam uma campanha contra as estruturas religiosas, especialmente igrejas. Por exemplo, nas províncias de Guangdong e Yunnan, alguns cristãos foram detidos por até quinze dias. Advogados cristãos que queriam defender igrejas na província de Zhejiang, no caso das cruzes, foram presos. Cerca de 1.500 igrejas tiveram suas cruzes apreendidas e alguns templos foram demolidos. Alguns fiéis ainda estão cumprindo sentenças de longo prazo na prisão e outros foram condenados no período em análise, sempre por razões diversas relacionadas à fé.

O papel da Portas Abertas na China, neste momento, é com base nos seguintes pilares: a sensibilização da perseguição entre os chineses cristãos e o fornecimento de treinamento e discipulado bíblico básico para os grupos cristãos mais perseguidos, de origem muçulmana e tibetana. Além da distribuição de literatura cristã contextualizada, ou seja, em linguagem adaptada para o fácil entendimento desses novos convertidos.

“Finalmente revelamos que somos cristãs, e agora estamos numa situação difícil, não sabemos o que irá nos acontecer. Evangelizamos alguns dos nossos parentes, alguns preferiram manter o nosso segredo, mas outros se revoltaram muito. Agora estamos debaixo das orações de todos os irmãos”, revela Bella (pseudônimo), recém convertida chinesa.

Fonte: Portas Abertas